sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Carta Pastoral de 29-11-2009

Investindo em solidariedade». O que é ser solidário? Que espécie de solidariedade? Em que áreas? É interessante notar, querido irmão, a semelhança que há entre «solidário» e «solitário». Apenas em termos terminológicos, já que em termos semânticos são claramente diferentes. Solidário deriva do verbo «solidar», sinónimo de soldar. Isto sugere soldadura, conexão, união, ligação … mas obviamente forte, duradoura, resistente. Assim sendo, quando afirmamos que os homens são solidários, estamos a declarar que estão fortemente ligados uns aos outros. O ser humano é um ser social. Não é, inequivocamente uma ilha! As pessoas dificilmente viverão sem mútua cooperação. Em qualquer tempo e lugar, ou em qualquer cultura, desde os primórdio da vida até ao seu ocaso, é da mútua cooperação que somos, vivemos e sobrevivemos. Para muita gente, solidariedade é um conceito abstracto, impreciso, mas não é assim. De facto, ele é dinâmico, inter-activo, de movimento em direcção aos outros. A solidariedade é um compromisso de ajudar aqueles que necessitam de apoio. Na esmagadora maioria das vezes o termo solidariedade está ligado à componente material, seja de que âmbito for. No entanto, se em anteriores cartas pastorais direccionámos a nossa atenção para essa área, hoje queremos focalizá-la na vertente espiritual. Em termos muito generalistas, podemos enquadrar a nossa reflexão nos mesmos parâmetros em que nos situámos até ao presente momento. De facto, ser solidário com os perdidos é irmos pelos «caminhos e valados» com a mensagem redentora de Cristo. É óbvio que há que ter em conta se levamos «o pão vivo que desceu dos Céus» àqueles que não têm «o pão nosso de cada dia». Não é fácil, ou melhor, é tremendamente difícil falar de Cristo àqueles que não têm que comer, ou que têm imensas dificuldades para sobreviver. No entanto, se uma Igreja de Cristo observa as necessidades ao seu redor, e estende os seus braços para as satisfazer, mais credível ficará para revelar o Evangelho da salvação. Por outras palavras, quando uma Igreja se preocupa com o dia-a-dia das pessoas adquire legitimidade para manifestar a sua preocupação com o futuro espiritual dessas mesmas pessoas; ou seja, quando uma Igreja cuida do corpo, lado existencial visível, tem direito a também se preocupar com o lado invisível do seu semelhante, com o destino da sua alma. Há muita gente tão só! Que vive em solidão de âmbito espiritual! Mas uma solidão confrangedora, assustadora, tenebrosa, conflituosa, de guerra permanente. Quer no capítulo de dúvidas existenciais, quer em termos de insegurança religiosa, face à eternidade, quer em opções claramente erradas em relação ao fenómeno religioso. No entanto, e sem qualquer espécie de dúvida no nosso espírito, todas elas estão necessariamente condenadas ao tormento eterno. E investir em solidariedade é termos em conta essa situação e deixarmos que o Espírito Santo no leve até elas. Sendo a solidariedade um compromisso de ajudar aqueles que necessitam de apoio, como afirmámos em anterior momento desta carta, então nós estamos a ser solidários com povos como Cabo Verde, Haiti, Botsuana, Iraque e Cuba. Mas o desafio é também sermos solidários com os povos mais próximos de nós. E há vários à nossa espera … e da mensagem redentora de Cristo. Penalva e Carregal do Sal clamam. Mas há outros, como Canas de Senhorim, Aguiar da Beira, Santa Comba Dão, etc. «Diz ao meu povo que marche». Oro para que nada, absolutamente nada, possa impedir a nossa marcha, amado irmão. Quer a minha, quer a tua, quer a do povo de Deus! Pr. José Lopes

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