Hamã, furioso com Mardoqueu por ele persistir em não se inclinar perante si, começa a planear uma vingança e projecta matar todos os judeus do reino. Ao tomar conhecimento dos planos para exterminar o seu povo, Mardoqueu fica muito perturbado e exterioriza a sua angústia rasgando as vestes. Ester, ao saber disto, procurou averiguar a origem de tão profunda tristeza. Mardoqueu fez-lhe saber do decreto real que levaria à execução de todo o povo judeu e pediu-lhe que intercedesse por eles junto do rei. Ester, não obstante ficar muito preocupada com o iminente extermínio do seu povo, tentou demover Mardoqueu da solução que ele arranjara, argumentando que ir à presença do rei sem ser chamada equivalia a assinar a sua sentença de morte, pois, por norma, o rei mandava matar quem se apresentasse diante de si sem ser convidado.
Mardoqueu diz a Ester que a sua vida corre perigo, quer se apresente ao rei, quer não, pois, sendo judia, certamente não escaparia ao extermínio. Os argumentos de Mardoqueu não se ficam por aqui. Ele disse a Ester que se ela não estivesse disposta a arriscar-se para livrar o seu povo, Deus enviaria o socorro de outra parte, pois Ele jamais desampara o Seu povo. E ainda vai mais longe e diz-lhe que provavelmente ela chegou ao trono para isso, que esse "acaso" na vida dela talvez tivesse um propósito bem definido: salvar o seu povo. Ester acedeu em atender o pedido de Mardoqueu, mas pede-lhe para que todo o povo fique em oração.
Que belo exemplo para nós! Precisamos de depender sempre de Deus.
Ester termina o seu diálogo com Mardoqueu com uma declaração espantosa: "E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se morrer, morri (Ester 4:16).Que bela demonstração de coragem e que grande amor! E nós, o que é que estamos dispostos a fazer em prol da Obra de Deus? Seremos capazes de dar a nossa vida a Deus?!
Chega o momento de a corajosa Ester ir à presença do rei. Este recebe-a bem e pergunta-lhe o que deseja, ao mesmo tempo que lhe diz que está disposto a dar-lhe até metade do reino. Ela convida-o para um banquete que estava a preparar e pede-lhe que convide também Hamã. Hamã ficou extasiado como convite, pois nenhum outro ministro do rei fora convidado e ainda se ensoberbeceu mais. A única coisa que toldava a sua alegria eufórica era o facto de Mardoqueu não o "venerar". Isso torna-se uma obsessão para Hamã, ao ponto de até fazer uma forca para nela executar Mardoqueu.Contudo, na noite anterior à festa de Ester, o rei teve insónias e pediu aos seus assessores que lhe lessem o Livro das Crónicas. Eles assim fazem e o rei é recordado do episódio em que a sua vida foi salva por Mardoqueu, que denunciou aqueles que intentavam matá-lo. O rei pergunta, então, que recompensa fora dada a Mardoqueu por tal feito e é-lhe dito que ele não foi distinguido ou honrado por causa do seu acto.
Entretanto, Hamã aparece junto do rei para lhe pedir o seu consentimento para enforcar Mardoqueu e o rei pergunta-lhe o que é que ele acha que se deve fazer à pessoa que agrada ao rei. Hamã, convicto de que o rei se está a referir a si mesmo, pois julga não haver ninguém que agrade mais ao rei do que ele, sugere que vistam a esse homem as vestes reais, que lhe coloquem a coroa do rei, e que o transportem pelas ruas da cidade, montado no cavalo do rei, apregoando-se diante dele: "Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!".
O rei gosta da ideia e ordena a Hamã que faça tudo isso ao judeu Mardoqueu. Reparemos na ironia da situação. Hamã chega à presença do rei com a intenção de matar Mardoqueu e sai de lá incumbido da missão de o honrar publicamente!
Depois deste episódio humilhante, Hamã chega a casa cabisbaixo e a sua mulher e amigos dizem-lhe algo interessante: "Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes, cairás diante dele". Por outras palavras, eles dizem-lhe que qualquer tentativa que ele faça para o aniquilar está condenada ao fracasso, pois sendo judeu, depende do Senhor Deus que cuida dos Seus filhos.
A festa que Ester organizara acontece finalmente e o rei pergunta-lhe qual é a sua petição. Ela diz-lhe que o que mais deseja é que lhe seja poupada a sua vida e a do seu povo. O rei, indignado com o que ouve, pergunta a Ester quem é que pretende exterminar os judeus e esta revela-lhe que é Hamã.O rei, profundamente irritado, dirige-se ao jardim do palácio... Quando regressa, encontra Hamã "prostrado sobre o leito em que estava Ester", o qual, apercebendo-se do perigo que a sua vida corre, suplica a Ester que interceda junto do rei para que não o mande executar.
O rei fica chocado com o que vê, pois pensa que Hamã está a tentar seduzir a rainha. Isto faz com que não lhe restem quaisquer dúvidas em relação ao que fazer com Hamã e ordena que o matem na forca que ele próprio preparara para executar Mardoqueu.
Este é o nosso Deus! Ele faz com que os nossos inimigos se deitem na cama que preparam para nós...
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