domingo, 6 de março de 2011

Culto da tarde...

O tema da nossa Igreja para Março é paz e, neste primeiro Domingo do mês, o Pr. Jónatas Lopes trouxe-nos uma mensagem baseada na fascinante história da vida de Ester, registada no livro bíblico com o mesmo nome.
Esta história mostra-nos que, ao contrário daquilo que nós pensamos e até desejamos, Deus trabalha na sombra e não de uma forma estrondosa e esplendorosa. Ele trabalha nos pequenos detalhes. Esta história é a prova de que não há acasos na vida dos filhos de Deus, pois "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8:28).
Por causa do seu pecado, o povo judeu foi levado cativo para a Babilónia. Isto aconteceu durante o reinado de Nabucodonosor, como estudámos recentemente. Quando o exílio terminou, um bom grupo de judeus optou por não regressar ao seu país e permaneceram na Babilónia. Entre eles, encontrava-se Mardoqueu e a sua prima Ester, que ele criara como filha, visto que esta era órfã.
Reinava Xerxes I, que a determinada altura resolve fazer um banquete, uma festa grandiosa (durou cerca de 6 meses), com o objectivo de exibir a glória e o esplendor do seu reino. A dado momento, o rei, já alegre por causa do vinho que tinha bebido em excesso, decidiu exibir também a beleza da rainha, Vasti. Vasti recusou-se a comparecer na festa do rei e a sua atitude enfureceu Xerxes. (Reparemos em dois "pormenores": a falta de moderação no consumo de bebidas alcoólicas e a desobediência de Vasti. Mais adiante, constataremos que estes pequenos detalhes tiveram grandes consequências.)
A desobediência de Vasti também irritou aqueles que rodeavam o rei, que o alertaram para o impacto negativo que o acto dela iria ter em todas as mulheres do reino, pelo que devia ser punida. Segundo eles, as outras mulheres seguiriam, certamente, o exemplo da rainha, deixando também elas de respeitar e obedecer aos respectivos maridos. Assim - defenderam os conselheiros do rei - Vasti devia ser destituída. O rei Xerxes fez o que lhe sugeriram.
Torna-se, então, necessário arranjar uma substituta. A selecção da jovem era um processo longo, pois tinha que ser alguém que agradasse ao rei pela sua beleza estonteante. Começava-se por reunir as raparigas mais bonitas do reino num aposento real, onde, durante um ano, recebiam os mais variados tratamentos que realçariam a sua beleza natural. Após esse período, as jovens seriam apresentadas ao rei, que escolheria a que mais lhe agradasse.
A judia Ester, que era muito formosa, estava nesse grupo de raparigas e o rei, deslumbrado com a sua beleza, elegeu-a. Estava, assim, encontrada a substituta de Vasti. Ester, até então uma jovem anónima, tornou-se rainha.
Mardoqueu, que a aconselhara a não revelar a sua verdadeira identidade, manteve-se por perto a fim de continuar a acompanhar a vida de Ester. Um dia, estando Mardoqueu à porta do palácio real, ouviu dois guardas do rei falarem sobre um plano para matar o monarca. Mardoqueu informou imediatamente Ester e esta, por sua vez, contou ao rei. Xerxes mandou investigar a situação e chegou-se à conclusão que havia, de facto, uma conspiração contra o rei. Os guardas foram executados e o episódio foi registado no Livro das Crónicas do rei.

O rei tinha uma pessoa da sua confiança, uma espécie de primeiro-ministro, Hamã, que gostava de ser "venerado", pelo que todos aqueles que se encontravam à porta do rei se curvavam perante ele. Mardoqueu, contudo, recusava-se a fazê-lo. Quando inquirido sobre a sua atitude, Mardoqueu explicou que era judeu e, com tal, não se prostrava perante homem algum.

Hamã, furioso com Mardoqueu por ele persistir em não se inclinar perante si, começa a planear uma vingança e projecta matar todos os judeus do reino. Ao tomar conhecimento dos planos para exterminar o seu povo, Mardoqueu fica muito perturbado e exterioriza a sua angústia rasgando as vestes. Ester, ao saber disto, procurou averiguar a origem de tão profunda tristeza. Mardoqueu fez-lhe saber do decreto real que levaria à execução de todo o povo judeu e pediu-lhe que intercedesse por eles junto do rei. Ester, não obstante ficar muito preocupada com o iminente extermínio do seu povo, tentou demover Mardoqueu da solução que ele arranjara, argumentando que ir à presença do rei sem ser chamada equivalia a assinar a sua sentença de morte, pois, por norma, o rei mandava matar quem se apresentasse diante de si sem ser convidado.

Mardoqueu diz a Ester que a sua vida corre perigo, quer se apresente ao rei, quer não, pois, sendo judia, certamente não escaparia ao extermínio. Os argumentos de Mardoqueu não se ficam por aqui. Ele disse a Ester que se ela não estivesse disposta a arriscar-se para livrar o seu povo, Deus enviaria o socorro de outra parte, pois Ele jamais desampara o Seu povo. E ainda vai mais longe e diz-lhe que provavelmente ela chegou ao trono para isso, que esse "acaso" na vida dela talvez tivesse um propósito bem definido: salvar o seu povo. Ester acedeu em atender o pedido de Mardoqueu, mas pede-lhe para que todo o povo fique em oração.

Que belo exemplo para nós! Precisamos de depender sempre de Deus.

Ester termina o seu diálogo com Mardoqueu com uma declaração espantosa: "E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se morrer, morri (Ester 4:16).Que bela demonstração de coragem e que grande amor! E nós, o que é que estamos dispostos a fazer em prol da Obra de Deus? Seremos capazes de dar a nossa vida a Deus?!

Chega o momento de a corajosa Ester ir à presença do rei. Este recebe-a bem e pergunta-lhe o que deseja, ao mesmo tempo que lhe diz que está disposto a dar-lhe até metade do reino. Ela convida-o para um banquete que estava a preparar e pede-lhe que convide também Hamã. Hamã ficou extasiado como convite, pois nenhum outro ministro do rei fora convidado e ainda se ensoberbeceu mais. A única coisa que toldava a sua alegria eufórica era o facto de Mardoqueu não o "venerar". Isso torna-se uma obsessão para Hamã, ao ponto de até fazer uma forca para nela executar Mardoqueu.

Contudo, na noite anterior à festa de Ester, o rei teve insónias e pediu aos seus assessores que lhe lessem o Livro das Crónicas. Eles assim fazem e o rei é recordado do episódio em que a sua vida foi salva por Mardoqueu, que denunciou aqueles que intentavam matá-lo. O rei pergunta, então, que recompensa fora dada a Mardoqueu por tal feito e é-lhe dito que ele não foi distinguido ou honrado por causa do seu acto.

Entretanto, Hamã aparece junto do rei para lhe pedir o seu consentimento para enforcar Mardoqueu e o rei pergunta-lhe o que é que ele acha que se deve fazer à pessoa que agrada ao rei. Hamã, convicto de que o rei se está a referir a si mesmo, pois julga não haver ninguém que agrade mais ao rei do que ele, sugere que vistam a esse homem as vestes reais, que lhe coloquem a coroa do rei, e que o transportem pelas ruas da cidade, montado no cavalo do rei, apregoando-se diante dele: "Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!".

O rei gosta da ideia e ordena a Hamã que faça tudo isso ao judeu Mardoqueu. Reparemos na ironia da situação. Hamã chega à presença do rei com a intenção de matar Mardoqueu e sai de lá incumbido da missão de o honrar publicamente!

Depois deste episódio humilhante, Hamã chega a casa cabisbaixo e a sua mulher e amigos dizem-lhe algo interessante: "Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes, cairás diante dele". Por outras palavras, eles dizem-lhe que qualquer tentativa que ele faça para o aniquilar está condenada ao fracasso, pois sendo judeu, depende do Senhor Deus que cuida dos Seus filhos.

A festa que Ester organizara acontece finalmente e o rei pergunta-lhe qual é a sua petição. Ela diz-lhe que o que mais deseja é que lhe seja poupada a sua vida e a do seu povo. O rei, indignado com o que ouve, pergunta a Ester quem é que pretende exterminar os judeus e esta revela-lhe que é Hamã.

O rei, profundamente irritado, dirige-se ao jardim do palácio... Quando regressa, encontra Hamã "prostrado sobre o leito em que estava Ester", o qual, apercebendo-se do perigo que a sua vida corre, suplica a Ester que interceda junto do rei para que não o mande executar.

O rei fica chocado com o que vê, pois pensa que Hamã está a tentar seduzir a rainha. Isto faz com que não lhe restem quaisquer dúvidas em relação ao que fazer com Hamã e ordena que o matem na forca que ele próprio preparara para executar Mardoqueu.

Este é o nosso Deus! Ele faz com que os nossos inimigos se deitem na cama que preparam para nós...

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